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Refluxo em idosos merece atenção especial

Na terceira idade, o problema pode levar a sintomas mais graves, como o chamado “Esôfago de Barrett”, uma lesão pré-cancerígena Apesar de ter uma significativa incidência numa ampla faixa etária de pacientes, abrangendo praticamente quase toda a vida adulta, nos pacientes idosos os episódios da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) são muito mais frequentes. É o que explica o gastroenterologista e médico endoscopista Felipe Matz Vieira (CRM/RJ 52-78331-5). “Os episódios de refluxo aumentam com o passar da idade, e isso normalmente acontece por conta de um relaxamento maior no hiato diafragmático. Pois, quanto mais idoso o paciente, maiores são as chances de desenvolver uma hérnia de hiato, que é uma das principais causas do refluxo. Algumas pessoas até desenvolvem esse problema na juventude, mas é entre o público da terceira idade que são bem maiores as chances de se apresentar um relaxamento do hiato diafragmático e do esfíncter esofagiano inferior, que é a válvula que divide o esôfago do estômago”, explica o médico. O refluxo gastroesofágico ou simplesmente refluxo é caracterizado pelo retorno dos ácidos ao esôfago, canal localizado entre a garganta e o estômago, fazendo com que o alimento digerido deixe de seguir o seu caminho natural no processo de digestão. Doença, que pode ocorrer durante toda a fase da vida adulta e até, em casos raros, em crianças e adolescentes, merece especial atenção quando acomete pessoas da terceira idade, já que nesses pacientes o problema pode evoluir para um quadro mais grave. De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista Admar Concon Filho (CRM/SP 53.577), um dos agravantes do refluxo para os pacientes da terceira idade é o “Esôfago de Barrett”. “Trata-se de lesão pré-neoplásica, que se não tratada pode, numa próxima etapa, evoluir para um câncer”, alerta o médico. O especialista explica que os casos de Esôfago de Barrett costumam acometer com mais frequência os idosos porque, em geral, há um problema crônico que não foi solucionado ao longo da vida da pessoa, e o resultado desta falta de acesso a um tratamento adequado acaba vindo justamente nesta fase da vida. Tratamento Conforme o gastroenterologista Felipe Matz Vieira, em casos mais agudos de refluxo, que podem levar a um quadro de Esôfago de Barrett, um dos tratamentos indicados é a cirurgia anti-refluxo ou de fundoplicatura. Porém, ele lembra que no caso dos idosos o procedimento cirúrgico convencional pode trazer riscos bem maiores. “A cirurgia convencional anti-refluxo já traz os seus riscos e gravidades, então quanto mais avançada a idade do paciente, mais complicações ele pode ter. Porém, o médico aponta a fundoplicatura por via endoscópica como uma ótima alternativa para esses pacientes da terceira idade que têm um quadro mais grave de refluxo. “É um tratamento aprovado recentemente pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] com o uso do dispositivo médico TIF Esophyx, e que por ser via procedimento endoscópico, é minimamente invasivo e com baixo riscos”, afirma. Dor Retroesternal Outro agravamento da DRGE em idosos, segundo o especialista, é a dor retroesternal por refluxo, problema que pode levar a um quadro de dor torácica não cardíaca (DTNC), também chamada dor torácica de origem indeterminada. “Em alguns casos de tão aguda, essa dor pode ser confundida com um episódio de infarto”, lembra o médico. O médico destaca ainda a constipação, popularmente chamada de “intestino preso”, como outro agravamento causado pela doença do refluxo em pessoas idosas. Especialistas estimam que, de maneira geral, em torno de um terço das pessoas acima de 65 anos queixa-se de constipação. “Manter hábitos alimentares saudáveis é de suma importância para evitar a constipação, muito comum na terceira idade e que piora todo funcionamento do aparelho digestivo, como o próprio refluxo”, explica Admar Concon Filho.

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